Música, guitarra e espiritualidade com Mozart Mello

//Música, guitarra e espiritualidade com Mozart Mello

Música, guitarra e espiritualidade com Mozart Mello

Mozart Mello

Confira entrevista exclusiva com uma das maiores referênciasmusicais e didáticas da guitarra no Brasil

Muitos dizem que a música é o canal que nos liga diretamente ao Criador. Um instrumento que nos sintoniza com aquilo que há de mais valioso na natureza humana: a emoção. Não esqueçamos: somos, acima de qualquer racionalidade, seres emocionais. Diante desse contexto, e reforçando o papel espiritual que a música exerce sobre nós, o guitarrista Mozart Mello pode ser considerado um desses músicos ditos especiais. E isso se manifesta não só pelo seu inquestionável talento, mas por assumir, de forma clara, a música como um elemento divino em sua vida. 

Método de guitarra de Mozart Mello

Considerado uma espécie de guru entre músicos consagrados, que por ventura já foram seus alunos, incluindo nomes como Edu Ardanuy, Kiko Loureiro, Marcio Okayma, Sandro Haick, Andreas Kisser, entre outros, Mozart, hoje com 57 anos, traz na bagagem a experiência de mais de 30 anos como professor. E mais, se você é estudante de guitarra, o músico acaba de lançar, em conjunto com a fabricante de cabos Santo Angelo (confira vídeo da visita à fábrica), o novo método de ensino Estudos de Guitarra 4 em 1 (à direita). Outra novidade diz respeito aos livros Sintonia Seminários de Harmonia 1, 2 e 3, que vêm acompanhado de 18 DVDs e quatro CDs.

Em entrevista concedida gentilmente ao Overdubbing, o guitarrista fala sobre carreira, dá dicas valiosas de como utilizar a técnica em prol da fluência musical, além de revelar pontos curiosos, como seus profundos estudos sobre cosmo ciência e ufologia. Enfim, uma figura rara de se encontrar e ainda mais valiosa de se ler. Com a palavra, Mozart Mello.

No caso específico da guitarra, como o músico deve empregar a técnica em prol da musicalida?Mozart: Não é uma resposta simples, pois envolve muitos assuntos, incluindo lado direito e esquerdo do cérebro. Hoje em dia, não utilizo mais a palavra técnica, prefiro “fluência” e interpretação. Não importa o estilo, ou a pegada, tudo deve virar música. Esse tem sido o problema, pois tem muita gente tocando bem, mas música …nada! Não é uma crítica, pois estão envolvidos muitos outros fatores, como, por exemplo, o estigma “guitar hero”. A herança da virtuosidade dos anos 80, a falsa noção de “tocar bem = tocar rápido”, a ausência da preservação e valorização da nossa cultura, etnia…etc. Eu ainda sofro muito quando toco, pois eu gosto de acordes, mas a guitarra está associada a “solistas”. 

Se pudéssemos apontar de forma objetiva, quais seriam, em sua opinião, os caminhos para estimular os processos de composição do músico?Mozart: Uma boa formação harmônica e ouvir de tudo sem radicalismo. Nunca fechar as portas. Tem que ser meio “esponja”. Eu consigo medir a maturidade de um músico quando ele harmoniza, pois o virtuosismo engana fácil os ouvintes. 

Como o aluno de guitarra pode aperfeiçoar seus estudos? Que tipos de exercícios ele pode fazer para se tornar mais íntimo do instrumento?Mozart: O aluno precisa de um “mestre”, são as setas indicadoras. Hoje não é preciso mais de tanto material, não funciona mais. O estudante tem que objetivar o seu estudo e aprender a produzir música consistente, não importa a técnica, ou estilo. Pelo menos os modelos que temos, os ícones, são de “personalidades muito fortes”, porém cada um escolheu um caminho diferente, uma técnica, uma concepção distinta. 

Mozart Mello

É notório o desenvolvimento do seu lado espiritual. Como isso influencia na sua música e na carreira artística como um todo?Mozart: A música deve ser sempre “o meio” para alcançar o real objetivo: servir ao próximo. Só! E isso implica em uma visão mais espiritualista da vida. Eu não tenho mais nenhuma dúvida que a música é coadjuvante para a evolução espiritual, uma arma poderosa para isso.

Como você faz relação entre música e cosmo ciência?Mozart: Um bom exercício é sempre sair do “micro” e ver o que está acontecendo pelo “macro”. No mesmo momento em que estou preocupado em tocar bem, por exemplo, várias novas galáxias estão se formando, e é possível que o nosso pequenino sistema solar sofra alguma consequência a médio e longo prazo. Sinceramente, estou sempre “antenado” no que está acontecendo, algo muito fácil hoje pela internet. Não deixa de ser a eterna procura por respostas… de cada um encontrar o seu Deus! É um privilégio poder passar por tudo isso. Agora, é preciso retribuir com o nosso trabalho! 

Paralelo à música, você é envolvido com outros temas, como a ufologia. Fale um pouco sobre isso.Mozart: Sim, eu sou ufólogo há mais de 40 anos, mas sem radicalismos. Já participei do projeto Rama. Tem até um livro chamado Semeadores do Futuro, de Carlos W. Paz, que fala da minha experiência. Não gosto muito de comentar publicamente sobre os nossos “irmãos mais velhos”, pois pode haver uma interpretação dogmática, ou religiosa. Quem sou eu para mexer, ou questionar, esses valores.

Como você vê hoje a carreira de músico no Brasil? O que mudou desde que você iniciou na profissão?Mozart: Sempre digo aos meus alunos que ser um bom músico e viver de música podem ser coisas completamente diferentes. O mercado vem ampliando cada vez mais. Veja como exemplo as feiras de música, que hoje já são até regionais. Do ponto de vista do músico, o mercado é ainda confuso e não se profissionalizou ainda, acredite! 

Não temos nenhum tipo de organização, direitos trabalhistas fundamentais. Imagine, por exemplo, o que vai acontecer agora com a obrigatoriedade de música nas escolas. Quais serão os critérios? Que tipo de profissional estará capacitado? O conteúdo será construtivista? Qual o objetivo, conteúdo e metodologia? Quem está elaborando a nível municipal, estadual e federal? Eu tenho 35 anos de aulas e apenas participei de um debate dentro de um encontro de músicos/professores. Estou convencido de que estamos precisando de uma mudança radical e ela deverá vir obrigatoriamente de cima para baixo. O músico tem uma carteira profissional diferenciada, que não lhe dá nenhum direito. Essa é uma bandeira que quero carregar ainda. Algo precisa ser feito. Muitas pessoas já tentaram, mas todo esforço não foi o suficiente

Que conselho você daria para os que querem apostar atualmente na carreira de músico?Mozart: Bom, é preciso ter uma boa estratégia. Comece fazendo uma previdência privada em um banco de sua confiança. Não seja radical nunca. Você tem um grande leque de possibilidades, não descarte nenhum. Aprenda inglês e uma boa intimidade com informática também será necessária. Nem preciso dizer que será preciso muitas horas de estudo, pesquisa e upgrades. É importante dar visibilidade ao seu trabalho para atrair parcerias e patrocínios. Não tenha muita pressa, pois carreira é um tijolo por dia. Eu vejo jovens querendo resultados imediatos… calma! Faça trabalhos consistentes, que o resultado vem naturalmente. Se você quer ganhar bastante dinheiro e tem muitas ambições materiais, não aconselho essa profissão.

Fale um pouco dos livros didáticos que você acabou de lançar. Como esse material está dividido?Mozart: São quatro livros, chamados Sintonia e Seminários de Harmonia 1, 2 e 3, que vêm com 18 DVDs e quatro CDs. Deu um trabalho danado para fazer. Além disso, lancei agora o 4 em 1. São 27 estudos de guitarra em nove estilos com áudio em mp3 mais o pdf do livro manuscrito Fusion, de 1992. Tudo em um único volume. Estou concentrando as vendas destes materiais no endereço www.myspace.com/mozartmellooficial.

Como aconteceu essa parceria com a Santo Angelo para o lançamento dessa obra?Mozart: Parcerias são fundamentais para desenvolver trabalhos pedagógicos. Devido à filosofia da Santo Angelo (assista ao vídeo da visita do Overdubbing à fábrica), eu já tinha pensado nela há muito tempo, porém o apoio só se concretizou a partir de uma conversa informal com o Célio Ramos, da EMT, que fez a ponte com o Rogério Raso, diretor da Santo Angelo, que comprou a ideia imediatamente.


Mozart Mello apresenta seu novo método Estudos de Guitarra 4 em 1

 
2010-09-08T01:53:11+00:00 setembro 8th, 2010|Categories: entrevistas|

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One Comment

  1. Sergio Filho setembro 8, 2010 at 4:03 am - Reply

    Excelente entrevista!
    Mozart é o cara mesmo! Fiquei bastante interessado nos seus livros, que ainda não conhecia.
    Um abraço!

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