Grupo arrecada com fãs mais de R$52mil para gravação do primeiro disco
Depois de se tornar um fenômeno na internet devido à disseminação do vídeo da música Oração, que já registra mais de seis milhões de acessos, A Banda mais bonita da cidade apostou na força das redes sociais e na comunicação direta com seu público para gravar seu primeiro CD. Por meio de um sistema de financiamento colaborativo (conheça aqui o site), os fãs puderam escolher quais canções farão parte do novo trabalho, tendo como vantagem o acesso a benefícios que variam de acordo com a quantia por eles fornecida. Ao contribuir com R$10,00 (valor mínimo estipulado), por exemplo, a pessoa ganhará o direito de receber a música por ela selecionada assim que a mesma ficar pronta. Já por R$300,00 (valor máximo), o colaborador poderá assistir a gravação da música.
Após trinta e quatro dias na Catarse, plataforma especializada em financiamento colaborativo, a Banda, por meio de sua assessoria de imprensa, divulgou que das doze músicas colocadas no site, onze atingiram o valor solicitado para a gravação. No total, foram 903 colaboradores de 155 cidades do Brasil. Do exterior, registraram-se contribuições de fãs de países como Portugal, Estados Unidos e Itália. A cifra arrecadada ultrapassou R$52 mil e a maior parte veio de pessoas que doaram R$25,00 e em troca irão receber o CD da banda. O mapa abaixo aponta de onde foram feitas as contribuições em território brasileiro:
Segundo sua assessoria, esse material será lançado ainda em 2011 e as gravações acontecerão entre julho e agosto. Além disso, como proposta da banda, todas as músicas serão documentadas em vídeo, onde apenas quatro das onze serão em estúdio, todas as demais serão realizadas em locações diversas.
Com a crise do modelo de negócios estabelecido pela indústria fonográfica e a ascensão de novas tecnologias, A Banda mais bonita da cidade encontrou uma excelente maneira de financiar os custo de produção de um disco e ao mesmo tempo promover a aproximação direta com seu público. Aproveitou-se o momento em que a música Oração se tornou um fenômeno viral na internet, responsável por colocar a banda em evidência, para contar com a contribuição de fãs nessa empreitada e o resultado foi bastante promissor, visto que o montante arrecadado lhes permitirá realizar seu primeiro CD utilizando uma boa infraestrutura de gravação.
As artes sempre necessitaram de algum tipo de financiamento para se sustentar. Leonardo da Vinci e Mozart, por exemplo, dependiam do Estado para trabalhar e, em tempos mais recentes, a indústria fonográfica teve esse papel de investidor no mercado da música durante grande parte do século XX e início do XXI. Atualmente, muitos artistas encontraram nas redes sociais e na aproximação com seu público uma excelente ferramenta para auxiliá-los a financiar suas carreiras e, no Brasil, muitos também vêm buscando investimento via políticas de leis incentivos fiscais. Pelo fato de não ter surgido um modelo de negócio hegemônico, como o implementado pelas gravadoras no passado, tornou-se necessário buscar novas e criativas maneiras de se trabalhar no mercado musical, e exemplos como o da Banda mais bonita da cidade podem servir como referência para outros artistas e demais agentes da cadeia produtiva da música.
Leo Morel é baterista, percussionista da cena musical carioca e autor do livro Música e tecnologia: um novo tempo, apesar dos perigos. Para conhecer o livro e demais informações acesse http://musicaetecnologia.net/, ou e-mail para leomorel@musicaetecnologia.net.
Isso aí! Boas ideias para um mercado fonográfico falido! Gostei muito do artigo!