Leitor grava com Zélia Duncan em seu homestudio

//Leitor grava com Zélia Duncan em seu homestudio

Leitor grava com Zélia Duncan em seu homestudio

Não é de hoje que a seção Meu Homestudio do Overdubbing valoriza os estúdios dos leitores (saiba como participar). Que a comodidade de gravar em casa compensa, isso ninguém pode duvidar. E o melhor, esse modelo de criação/composição musical vem ganhando cada vez mais adeptos e recursos profissionais, com equipamentos a custos acessíveis, além de muita informação sobre o assunto. Pois bem, eis que há tempos o resultado natural desse novo cenário “doméstico-artístico” culminou no surgimento de fonogramas de alta qualidade.

É o caso do leitor Alexandre Hofty, que me mandou um e-mail despretensioso contando como foi gravar com a cantora Zélia Duncan no modesto homestudio (veja a configuração) montado em um dos cômodos do seu apartamento. Ele, baterista e analista de sistema de uma grande empresa, e que não necessariamente trabalha com música de forma direta, mas, devido à paixão pelo áudio, gasta horas e horas em frente ao computador em busca da melhor sonoridade, conta em detalhes como foi esta experiência.

Bem, o resultado pode ser visto no vídeo abaixo, que mostra o clipe da música A briga do Edifício Itália com o Hilton Hotel parte 2 – 30 anos depois, com a participação de Zélia Duncan e composta por Dimitri BR em resposta à canção de Tom Zé chamada A briga do Edifício Itália e do Hilton Hotel, de 1972.


Assista ao vídeo

Com a palavra, o leitor Alexandre Hofty, que também participa da banda 3a1 e do interessante projeto musical diahum, juntamente com Dimitri BR.

Como surgiu a oportunidade de gravar com a cantora Zélia Duncan?
Alexandre: A Zélia já era nossa conhecida, foi em alguns shows do 3a1 e acompanha também o projeto diahum. A oficialização do convite para gravar esta música aconteceu na noite do lançamento do último CD de Zélia (Pelo sabor do gesto), na Livraria da Travessa. Na ocasião, quando autografava um CD para Dimitri, ela perguntou quando iria receber um convite para participar do diahum. Como nessa época eu já estava participando desse projeto, e o homestudio atendia às necessidades, acabamos decidindo por gravar tudo na minha casa. 

E o processo de gravação, como foi?
Alexandre: Os instrumentos foram todos gravados aqui em casa, em uma ordem nada ortodoxa, já que o arranjo foi sendo feito ao longo da gravação. Registramos primeiro o violão base e a voz guia. Em seguida, cavaquinho e baixo elétrico. O violão e o cavaquinho foram captados por um microfone Marshall V67G (à direita) e em linha. O baixo elétrico direto em linha também. Com esse material já gravado, comecei a programar a bateria em MIDI na pista de instrumento virtual do Pro Tools 8 M-Powered (à esquerda), utilizando o kontakt 2 para executar os samples de uma bateria acústica do kit Natural Studio (ns_kit7). Além disso, gravei alguns detalhes de percussão (mais especificamente uma lata e os estalos de dedo), também captados com o Marshall V67G, o único mic usado em toda a gravação, até mesmo por falta de opção.

A partir deste ponto, fomos gravar as vozes na casa da Zélia, ainda sem as guitarras e um triângulo, que entrou de última hora, mas com boa parte da base pronta. O arranjo vocal foi fechado minutos antes da gravação. Fizemos umas duas passagens e depois foram mais uns quatro ou cinco takes pra valer. Entramos e saímos de lá em pouco mais de duas horas, contando o tempo de montar e desmontar tudo. Os últimos instrumentos gravados incluem guitarras (limpas, em linha) e depois o triângulo (tocado em um Handsonic de um amigo nosso). Tanto nas guitarras quanto no baixo usei o plug-in Waves GTR para chegar ao som que a gente queria.

E por que a voz foi gravada na casa da Zélia Duncan?
Alexandre:
Acabou sendo uma série de fatores juntos. A gente queria aproveitar e gravar ao mesmo tempo as vozes e os vídeos que usaríamos na edição final. Foi bom para poupar tempo e facilitar o sync do áudio com o vídeo, mas sem ficar com aquela cara de estúdio que todo mundo já conhece. Daí surgiu a ideia de gravarmos na casa dela, que tem uma sala bem simpática, com uma acústica boa e espaço para armar o equipamento. De quebra, assim ela nem precisou sair de casa. 

Que equipamentos foram levados para gravar a voz de forma remota?
Alexandre:
Um notebook Toshiba Centrino Duo (à esquerda), com 4Gb de memória ram; interface M-Audio ProFire 610; o microfone Marshall V67G, com um pop filter; dois fones AKG K44 para os vocais; e um Koss PortaPro, que usei para monitorar a gravação. Ah sim, também utilizei um PowerClick para amplificar o sinal que ia para o meu fone, já que a ProFire 610 só tem duas saídas de fone amplificadas.

De que maneira começou o seu envolvimento com o mundo música e dos homestudios?
Alexandre:
Comecei a tocar bateria em 1992 com uns amigos de escola. A gente ensaiava no meu quarto mesmo e, de vez em quando, eu tentava gravar uma música ou outra em um computador 486, equipado com uma poderosíssima Sound Blaster 16 (…risos). Sempre me interessei por homestudios, mas com gravação e mixagem de forma mais profissional faz pouco tempo, mais ou menos uns sete meses. 

Ainda não cheguei a fazer um curso formal, mas como tem muito material excelente online sempre que dá vou estudando por conta própria. Aliás, por indicação do Overdubbing, acabei comprando os dois livros do Fábio Henriques (leia o post) e virei fã do Waves GTR (veja a matéria no blog). Agora mesmo, por exemplo, estava fuçando o canal da Digidesign no youtube. Os vídeos deles são ótimos, curtos, mas vão direto ao ponto. E, claro, nas vezes que estive em outro estúdio gravando ou mixando, tento acompanhar o trabalho do técnico de perto para aprender mais um pouco, nem que seja por osmose.

O que me motivou a montar o homestudio, localizado no quartinho de empregada, de exatos 2 x 2 metros, foi a gravação do segundo CD da minha banda, a 3a1. Começamos usando o homestudio para pré-produção e alguns testes de gravação com bateria eletrônica. Mas, infelizmente, precisamos parar e postergar um pouco nossos planos. O guitarrista e a baixista estão terminando o doutorado este ano, fora algumas viagens que tive a trabalho e outros empecilhos. Coisas da vida…rs!


Estúdio de Alexandre Hofty, localizado no quarto de empregada de 2 x 2 metros

De onde veio a parceria no projeto diahum?
Alexandre: Nesse meio tempo, o vocalista Dimitri BR criou um blog onde começou a postar uma música nova todo dia 1º de cada mês, batizando-o de diahum. Como o Dimitri continuava trabalhando comigo em algumas ideias para o CD do 3a1, uma coisa levou a outra. Sendo assim, acabei me envolvendo na produção dos vídeos e músicas para o diahum (mais especificamente dos vídeos #004, #005, #007, #008 e #009).

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2010-01-02T11:45:32+00:00 Janeiro 2nd, 2010|Categories: entrevistas|

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