Vai tocar ao vivo? Saiba o que levar na hora do show

///Vai tocar ao vivo? Saiba o que levar na hora do show

Vai tocar ao vivo? Saiba o que levar na hora do show

Já deu para perceber que as duas principais atividades poupadas pelo furacão da nova ordem musical são a música por encomenda e a performance ao vivo. Assim sendo, hoje a coluna vai se deslocar do ar condicionado do estúdio para a realidade da gig ao vivo, que, como tudo no mundo musical, precisa ser… produzida.

Claro, leitor! Você está esperando saltar do táxi com ar condicionado na porta do local do seu show, entrar e encontrar dois roadies sorridentes esperando por você com todo o seu setup montado e um copinho de suco natural de manga, com pouco gelo e sem açúcar, em uma bandeja? Lamento a desilusão, mas, ou você tomou um ácido, ou o calor está lhe trazendo alucinações, ou você se teletransportou para o Japão.

Tocar ao vivo é, sem dúvida alguma, um dos maiores prazeres que a profissão da música pode lhe oferecer, nem tanto pelas mulheres incríveis disputando sua atenção depois do show, ou pelos cachês milionários oferecidos pela maioria desses trabalhos. O que mais importa é o prazer em ter contato direto com a plateia, interagir com ela em tempo real, e saber que cada vez que você sobe em um palco será diferente. Dentro dessa realidade, confeccione desde já o seu kit de sobrevivência, levando em conta também a lei de Murphy, que vai rolar, sem dúvida.

A extensão de tomadas de força é item indispensável em apresentações ao vivo

Além de seu instrumento, e todas as peculiaridades que o cercam (baquetas extras, cordas e palhetas de reserva, boquilhas e bocais para instrumentos de sopro, etc…), o primeiro item indispensável é a extensão de tomadas de força. “Tem lá”? Não acredite nisso, caro leitor, e lembre-se de que o nosso padrão de tomadas está em mudança para um novo que, obviamente, “é muito melhor”, só não sabemos para quem, porque é um padrão só usado aqui no Brasil! Confira em:

http://www.efetividade.net/2010/01/20/adaptador-para-as-novas-tomadas-brasileiras-como-eu-me-virei/

Estante para seu instrumento e banco se você toca sentado devem ter presença garantida no seu check list. Banco é exagero? Depende do instrumento, no caso do piano, ou teclado, posso atestar que a altura errada é como estar com o sapato de número errado nos pés: incomoda a noite inteira, mas você demora a perceber exatamente de onde vem o incômodo.

Falando em estante, se você pretende ler alguma coisa (o que é desaconselhado por 9 entre 10 “muita prática” em trabalhos ao vivo), leve a sua estante de música: aquela mesmo, que quase ninguém consegue fechar da mesma maneira que abriu. Mais importante ainda, leve a sua luz de leitura particular, afinal você não acha que o iluminador (se houver) vai dedicar um dos poucos focos de luz da casa às suas necessidades de leitura, não é, leitor?

Não deixe as folhas das partituras de diferentes tamanhos e formas de escrita avulsas na estante para voarem quando você estiver mais precisando delas. Use uma pasta com proteção de plástico não reflexivo e você verá o que é um investimento de menos de 10 reais com bons frutos.

Tecladistas adeptos de laptop e de mais de um teclado não devem deixar em casa aquele mixerzinho que já foi o principal do estúdio e hoje está meio de lado no canto. Mandar uma mix L/R para o “som da casa” é providencia que demonstra sabedoria na estrada e mantém o controle das proporções sonoras nas mãos de quem melhor conhece o trabalho: você.

Aproveite e leve um efeito com os recursos mínimos de reverb, delay e chorus/flanger. O Kaoss Pad é ótimo para isso, mas tenho certeza que você tem outras opções que já tiveram seus dias de glória em seu home studio e agora estão só acumulando poeira num canto depois de substituído por algum plug-in.

Falando em laptop, um backup em áudio CD do que você estará usando sequenciado no repertório é muito importante. Se for usar o laptop para outras ações que envolvam performance ao vivo como, por exemplo, integrar loopings do Ableton Live em sincronismo com o que você está tocando na hora, aumente o seu repertório de piadas e recarregue o galão de óleo de peroba para que a cara de pau não fique desprotegida no caso de um imprevisto informático.

O próprio uso do laptop deve ser pensado sempre com a opção “… e se?”, porque a menos que você tenha as condições da Madonna, e outros desse porte, para usar dois sistemas idênticos correndo em paralelo com um sujeito com o dedo numa chave comutadora A/B, o computador ao vivo é um complicador e tanto.

Tenha em mente: o que o público mais gosta no show ao vivo é a surpresa. É o que acontece ali naquele momento, só ali e não vai se repetir nunca mais. Enfrentar os perigos e encontrar os caminhos para se safar, desde os tempos dos Gladiadores romanos, é o principal motivo que tira o cidadão de sua casa para ir com um som pior que numa gravação e num ambiente infinitamente menos confortável do que a sala de casa.

Prepare-se e seja merecedor dessa atenção do “respeitável”.

Fernando Moura é pianista, compositor, arranjador e produtor de música e trilhas sonoras com mais de 30 anos de experiência no mercado. Saiba mais em www.myspace.com/fernandomoura.

2011-02-19T07:52:51+00:00 Fevereiro 19th, 2011|Categories: colunas, Sonhos de um Produtor|Tags: , , |

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7 Comments

  1. Aurélio Fevereiro 19, 2011 at 3:06 pm - Reply

    Boa…é o tipo de artigo que a gente gostaria de ler, mas não encontra em lugar nenhum! Ponto positivo para o Fernando Moura e para o Overdubbing! Abs!

  2. Martha Fevereiro 19, 2011 at 3:08 pm - Reply

    Tocar ao vivo sozinha, sem apoio de banda, o cuidado é redobrado! Gostei da dica da tomada! Já fiquei na mão uma vez e tive que improvisar uma extensão na hora! Boa, Fernando! Bjs!

  3. Vinícius Fevereiro 19, 2011 at 3:09 pm - Reply

    Gostei do post! Adorei o site! Vou passar a acompanhar diariamente!

  4. Sergio Fevereiro 21, 2011 at 7:04 am - Reply

    Fernando Moura mata a pau todos os assuntos pertinentes a nossa carreira.
    Show de bola!

  5. Antônio Marcos Fevereiro 21, 2011 at 8:38 am - Reply

    Boa, Fernando! Site de qualidade com artigos de primeira!

  6. Silvio Dias Fevereiro 21, 2011 at 8:39 am - Reply

    E tem neguinho que acha que tocar ao vivo só tem glamour..hehehe! É ruim, heim?

  7. Filippo Fevereiro 21, 2011 at 1:11 pm - Reply

    Excelentes dicas!
    Só queria ressaltar sobre o padrão de tomadas… não é só padrão brasileiro… Na europa também é utilizado esse padrão que está sendo implantado aqui. Voltei a pouco tempo de uma turnê no leste europeu e utilizei muito essas tomadas.
    Poucas casas de shows, bares, etc, aqui no Brasil possuem esse novo padrão, portanto é sempre bom ter TODOS os tipos de adaptadores e uma boa extensão!
    Abraços.

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