Manual de sobrevivência na selva dos estúdios

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Manual de sobrevivência na selva dos estúdios

Olá, amigos leitores. É com grande orgulho que volto a escrever neste espaço. Estava ansioso por esse momento.

Depois de esmiuçar um pouco o papel de cada um nas etapas da produção de um disco (pegou o bonde andando? vem aqui e aqui), agora vou falar um pouco sobre alguns termos que circulam dentro dos estúdios. Primeiramente, abordarei um mito para quem se interessa pelo assunto e vai gravar, mas, que de repente, não quer ser um produtor. Afinal, Pro Tools é melhor?

Vou começar pelo assunto mais polêmico, claro! Todo mundo comenta do Pro Tools, uns bem, outros mal. Mas muita gente, de fato, sabe pouco sobre esse tão importante software de produção musical.

Pra começar, o Pro Tools é um programa (que a gente costuma chamar de DAW – Digital Audio Workstation, ou estação de trabalho de áudio digital, em tradução livre). Assim como ele, existem muitos outros (uns tão antigos quanto ele) como o Sonar, o Cubase, o Logic e o Nuendo. Usar o programa Pro Tools por si só não faz o seu disco soar como as grandes produções norte-americanas e europeias. É claro que cada software tem o seu próprio algoritmo responsável por transformar aquelas várias trilhas de áudio em um arquivo estéreo. Por esse motivo, existe a possibilidade do resultado ser distinto em cada um deles.

Mas o que geralmente se confunde em relação ao Pro Tools é a existência do Pro Tools HD. A tecnologia HD (high density, alta densidade) consiste no processamento do áudio com uma taxa de amostragem de 192kHz à 24 bits. Essa qualidade só é possível, no universo do Pro Tools, usando o hardware desenvolvido pela extinta Digidesign (hoje Avid). Esse hardware sempre custou muito caro e, por isso, não está presente na maioria dos estúdio que atendem aos músicos independentes. Talvez, por esse motivo, tenha se misturado o programa Pro Tools com o hardware que trabalha na sua versão HD.

A rigor, a escolha do software a ser utilizado na sua gravação é mais importante para quem vai de fato gravar e trabalhar operando o computador e suas interfaces do que para os músicos. É claro que é inegável a popularidade dos sistemas Pro Tools, o que confere uma compatibilidade maior entre os estúdios (para o caso de você querer continuar seu trabalho em um outro estúdio). Porém, isso não o impede de fazer um excelente trabalho em outro programa. Não vá deixar de gravar seu disco naquele estúdio que lhe oferece a melhor condição, e o melhor ambiente, por uma simples questão de escolha de programa.

Hoje em dia, trabalhar com altas taxas de amostragem não é exclusividade dos sistemas Pro Tools. Há muitas empresas fortes no mercado, com sistemas bastante competitivos. Entretanto, essa ainda não é a realidade da maioria dos nossos estúdios. É claro que a qualidade com que o áudio analógico (real) vai ser convertido em áudio digital influencia na qualidade do trabalho, mas essa qualidade nunca excluirá todos os outros sistemas que já conhecemos, e dos quais já ouvimos excelente trabalhos, muitos deles comerciais. Lembrando um pouco dos outros dois textos que escrevi aqui, nada vai substituir uma boa canção, com um arranjo forte e uma produção bem feita. Equipamento não vai limitar o sucesso do seu trabalho!

Sergio Filho é guitarrista do Tchopu e produtor musical.

2010-12-09T21:14:10+00:00 dezembro 9th, 2010|Categories: colunas, Produção musical|Tags: , , , |

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10 Comments

  1. Leandro dezembro 10, 2010 at 5:39 pm - Reply

    Boa, Sergio… É aquela velha história – Pra mau fudedor, até o saco atrapalha!

    Grande abraço.. espero o próximo

  2. Felipe dezembro 10, 2010 at 5:59 pm - Reply

    grande sergio! minha banda sempre usou o cubase e estamos muito satisfeitos com ele. o importante eh saber usar!

  3. Birao dezembro 10, 2010 at 6:36 pm - Reply

    Excelente meu filho!
    abs.

  4. Carlos Lopes dezembro 10, 2010 at 7:57 pm - Reply

    Grande Serginho! Todos os programas são ótimos, cada qual no seu universo. E cá entre mós, programa é o menor dos problemas… 🙂 Depois que digitalizaram geral, a realidade é outra, para o bem e para o mal.

  5. Aleksander dezembro 10, 2010 at 8:49 pm - Reply

    Falae, mano..

    Cara, suas materias sao muito diretas, imparciais e bem explicadas. Espero que voce tenha cada vez mais espaco pra expor sua opiniao, pois voce e muito bom nisso. Vlw por sempre me enviar seus links. Parabens!!

  6. […] This post was mentioned on Twitter by Overdubbing, Overdubbing. Overdubbing said: Afinal, Pro Tools é melhor? Artigo levanta questões sobre a escolha do software na hora de gravar…. http://fb.me/xe21bgVC […]

  7. Carlos Tikin dezembro 11, 2010 at 7:25 am - Reply

    Grande Sergio…mais uma vez parabens pelo assunto …..pra mim o melhor programa é aquele que voce tem mais abilidade a afinidade,pois ambos vao ter o mesmo resultado final,so depende do ouvido,do dedo e do conhecimento do produtor e do tecnico ….

  8. Dygão dezembro 13, 2010 at 8:24 am - Reply

    Fala meu caro!!
    Parabéns outra vez pelo assunto e pelo texto!
    É, realmente vejo que hoje é mais questão de gosto qual programa usar.
    Na verdade o PT nunca foi o “melhor” e sim o mais “famoso”, isso se deve por ser muito usado em estúdios de pequeno, médio e grande porte nos EUA rs bem antes de exitir a plataforma PT HD o Pyramix já rodava 192kHz à 24 bits só que com um preço muito alto e como se sabe as primeiras versões do programa PT tinham muitos “bugs” quando que ao mesmo tempo programas como o MOTU Digital Performer já tinham uma interface simples e confiável.
    Uso Sonar, Cubase e Pro Toos por causa de serviços que pego de outros estúdios, mas curto mais trabalhar com o Sonar por trabalhar com ele desde as primeiras versões e os atalhos estarem quase que entranhados em mim rs.
    Estou ancioso pelos novos lançamentos de 2011! Como você mesmo me disse a MOTU deve nos traser boas novas rs para conseguirmos a mesma qualidade de uma plataforma cara.
    Se já estamos incomodando os “grandes” vamos incomodar mais ainda rsrs.
    Sucesso sempre amigo!
    Abraço!

  9. Sergio Pai dezembro 15, 2010 at 5:56 pm - Reply

    É isso aí filho, não precisa ter um Tênis daquela grife famosa para ser o melhor Corredor, assim com não precisamos usar só talheres pra comer a comida, afinal já faziam isto com o “Hashi” desde o século IV e muito bem… O importante é não ficar só com uma opção…é ter opção pra todos. Foi o Nelson Rodrigues que disse uma vez “Cuidado com o Óbvio Ululante…”, e “Toda Unanimidade é Burra…” Mas o que acho é que não devemos brigar contra a unanimidade, apenas lutar pela diversidade de opções…o resto é com cada um…cada um que se garanta com sua “escolha”… Parabéns pela polêmica saudável…

  10. Cristiano dezembro 23, 2010 at 8:52 am - Reply

    Fala Sergio,
    Estou precisando falar com você. Pode me mandar um email? Abs!

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