É preciso saber viver (de música)…

///É preciso saber viver (de música)…

É preciso saber viver (de música)…

Gravadoras em crise, queda na venda de CDs e download de músicas na internet. Desde o final do século passado, o mercado musical não é mais o mesmo. E o que os músicos estão fazendo para sobreviver no século XXI?


É preciso saber viver (de música)...

O processo de evolução tecnológica gerou significativas alterações na cadeia produtiva da música, ocasionando o declínio de um modelo de negócio que foi hegemônico durante grande parte do século passado baseado na ascensão da indústria fonográfica. Se, até então, a maioria dos artistas da música popular dependia de tais agentes como investidores para desenvolver suas carreiras, como atuar nos dias de hoje em um cenário em que esse artista é cada vez mais responsável pela gestão e financiamento de seu trabalho? De que forma uma banda cria condições para financiar seu trabalho e tirar seu sustento nos dias de hoje?

Primeiramente, é importante observar que o mercado musical tem diversos nichos e diferentes formas de inserção. O produtor musical e instrutor de cursos gerenciais Leonardo Salazar, em seu livro Música Ltda: o negócio da música para empreendedores (http://www.musicaltda.com.br/), classifica esses estágios, agrupando os músicos da seguinte maneira:

– Músico amador: aquele que exerce uma atividade profissional fora da área musical para se sustentar, sendo a música uma atividade “extra”, podendo tirar ou não remuneração dela.

– Semiprofissional: aquele que ganha remuneração com a música, mas necessita de outra atividade econômica para tirar seus rendimentos a fim de equilibrar seu orçamento.

– Profissional: aquele que vive exclusivamente de música, sendo essa sua principal fonte de renda.

Muitos exercem a profissão da música sem necessariamente viver exclusivamente dela. O compositor Guinga, por exemplo, dividiu durante muito tempo sua carreira musical com a de dentista e Vinícius de Moraes foi diplomata. Também é comum um músico utilizar seus rendimentos adquiridos fora do âmbito musical para investir em sua carreira artística.

Atualmente, são bastante variadas as possibilidades de trabalho na área musical, muitos atuam em diferentes nichos do mercado para tirar seu sustento e são raros aqueles que vivem exclusivamente de uma única atividade profissional. Grande parte dos músicos busca desenvolver diferentes especializações para aumentar suas oportunidades de trabalho. Um instrumentista pode, por exemplo, ter seu repertório autoral próprio, acompanhar outros artistas como contratado, realizar gravações e dar aulas. Para um técnico de som, por exemplo, existe a possibilidade de trabalhar com sonorização em casas de show e também gravar bandas em estúdios. As combinações podem variar de acordo com a aptidão e aspiração de cada um. O produtor Salazar aponta em seu livro algumas destas possibilidades profissionais do setor musical atualmente:

– Banda autoral;
– Banda tributo, ou cover;
– Banda, ou orquestra de baile;
– Sonorização para eventos:
– Montagem de estrutura;
– Empresariamento artístico (management);
– Agenciamento (booking);
– Produção executiva (show, ou disco);
– Produção de turnê (tour manager);
– Técnica (som, luz, palco);
– Direção artística (disco ou show);
– Casa de show, teatro, boate, bar (música ao vivo);
– Produção fonográfica (gravadora);
– Edição musical (editorial);
– Distribuição de discos (distribuidora);
– Comércio de discos, DVD e afins;
– Comércio de instrumentos, equipamentos e acessórios;
– Fabricação e reparo de instrumentos, equipamento e acessórios;
– Composição (autor);
– Instrumentista, ou intérprete (tocando/cantando/gravando para terceiros);
– Cantor independente (voz e violão);
– Arranjador;
– Maestro;
– Trilha sonora (publicidade, jogos, teatro, cinema, moda);
– Dj (rádio, show, festa, boate);
– Sinfônica (emprego público);
– Ensino (licenciatura);
– Estúdio de ensaio;
– Estúdio de gravação;
– Estúdio móvel;
– Mixagem;
– Masterização;
– Replicação de mídia (vinil, CD, DVD);
– Organização de eventos (festivais, concursos, prêmios, shows);
– Marketing cultural (elaboração e captação de projetos musicais);
Design (capas de disco e material gráfico);
Web (programação ou design para o setor);
– Assessoria de imprensa (especializada em música);
– Produtora de vídeo (clipes, documentários, DVDs);
– Tecnologia da informação (produtos para o setor).

Assim, são muitas as opções disponíveis no mercado da música para se trabalhar e vale ressaltar que uma opção não exclui a outra, pois um músico pode administrar sua carreira realizando diferentes funções de acordo com sua agenda e aspirações profissionais. Na verdade, nos dias de hoje a realidade impõem o músico a “se virar nos trinta”, ele faz de tudo um pouco, sendo uma verdadeira metamorfose ambulante. Além de tocar, ele se vê obrigado e ter noções de áreas que fogem do universo musical como gestão e marketing, por exemplo. Para tal, existem algumas publicações no Brasil que podem auxiliar a lidar com essas questões e a entender melhor esse novo mundo da música. Em breve pretendo tratar disso por aqui (por ora, outra dica legal também é acompanhar aqui no Overdubbing a coluna do Fernando Moura sobre o dia-a-dia dos trabalhos na música).

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Colunista Leo MorelLeo Morel é baterista, percussionista da cena musical carioca e autor do livro Música e tecnologia: um novo tempo, apesar dos perigos. Para conhecer o livro e demais informações acesse http://musicaetecnologia.net/, ou e-mail para leomorel@musicaetecnologia.net.

 

2011-06-01T06:31:02+00:00 junho 1st, 2011|Categories: colunas, Mídias Musicais|Tags: , , |

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8 Comments

  1. Marcos junho 7, 2011 at 10:44 am - Reply

    Fala Léo! Acho que artigos como esses só nos encorajam a tentar cada vez mais a trabalhar com aquilo que sonhamos! Sei que muita gente desiste da música por achar que é algo instável, de maluko, ou bicho grilo. Mas é preciso lembrar que o mercado tem se profissionalizado cada vez mais e não há mais espaço para amadorismo no meio musical. Se nos especializarmos há campo para trabalho! Valeu!

  2. Laurinha DJ junho 7, 2011 at 10:48 am - Reply

    Concordo com o Marcos, mas acho que ainda há muito amadorismo nesse meio, infelizmente! Já fiz trabalhos que tomei cano, mas tb por outro lado, já tive retornos ótimos de outros trabalhos! Tem que ficar de olho aberto aos contratos que fizer! No mais, o site continua ótimo!

  3. Emprego junho 7, 2011 at 12:39 pm - Reply

    Nossa, que achado aqui!! Estou seguindo seu blog diariamente a 1 mês e estou impressionado. Por favor continue com o bom trabalho e artigos, eles são muito bons! Isso está cada vez mais raro!! brigado!!

  4. […] (Fonte: Overdubbing – música do analógico ao digital) […]

  5. Leo Morel junho 18, 2011 at 7:26 am - Reply

    Ola Marcos,

    Fico feliz em saber que esse artigo foi produtivo a você, minha idéia é justamente contribuir fornecendo informação relevante para aqueles que atuam no meio musical e amantes da música. O mercado musical atual ofecere diversas opções profissionais que demandam diferentes especializações e, como você bem mencionou, na busca por profissionais competentes, os mais capacitados costumam ter mais oportunidades.

    Seja bem-vindo, estou a disposição para quaisquer esclarecimentos, ok?

    Abração

    Leo Morel

  6. Leo Morel junho 18, 2011 at 7:37 am - Reply

    Ola Laurinha DJ,

    Sua colocação foi bastante pertinente, infelizmente observamos um elevado grau de informalidade e amadorismo no setor que podem causar transtornos como você bem mencinou. Por isso, concordo contigo ao procurar ficar atenta para não se meter em roubadas e aconselho sempre buscar referências quando for trabalhar com alguém que você não conheça. No meio musical, independente da área, as pessoas se conhecem e, portanto, não é muito difícil saber se alguém é pilantra ou não. Como diria Gilberto Gil na música Divino maravilhoso: “É preciso estar atento e forte.”

    Beijo grande, espero poder ter contribuído de alguma forma.

    Seja sempre bem-vinda.

    🙂

    Leo Morel

  7. Leo Morel junho 18, 2011 at 7:41 am - Reply

    Ola “Emprego”,

    Desculpa me referir a você assim, mas é dessa forma que está indentificado seu comentário aqui. Fico muito grato em saber que meus artigos lhes são produtivos, espero estar sempre contrbuindo e fornecendo informação relevante.

    Muito obrigado.

    Leo Morel

  8. Jase julho 11, 2011 at 10:20 am - Reply

    Ótimo artigo.

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